Se alguma civilização alienígena extremamente avançada já tiver criado buracos de minhoca para viajarem pelo universo, pode ser que consigamos encontrá-los, talvez até mesmo em dados antigos das observações dos nossos telescópios. Ao menos é o que diz o astrofísico Fumio Abe, da Universidade de Nagoya.
Buracos de minhoca são objetos estritamente hipotéticos, ou seja, não há evidências de que existam. Na verdade, para existirem, eles precisam de matéria exótica com massa negativa — algo que também ainda não sabemos se existe em algum canto do universo.
Contudo, a Relatividade Geral de Albert Einstein permite a existência de buracos de minhoca. Além disso, eles são bastante “divertidos”, já que seriam uma possibilidade de viajar para qualquer lugar do espaço em um piscar de olhos.
Acontece que nada exclui a possibilidade de alguma civilização alienígena já ter descoberto a tal matéria exótica e a energia necessária (que é muita!) para criar buracos de minhoca. Se isso aconteceu em algum lugar da Via Láctea, há chances de podermos detectá-los. Aliás, pode ser que já os encontramos, mas não percebemos.
De acordo com Abe, “se os buracos de minhoca têm raios na garganta entre 100 e 10 milhões de quilômetros, estiverem ligados à nossa galáxia e são tão comuns quanto as estrelas comuns, a detecção pode ser alcançada reanalisando dados antigos”. A ideia é interessante e, provavelmente, não custa muito procurar.
O problema é que buracos de minhoca devem ser muito instáveis. Sem uma quantidade exorbitante de energia, se desfariam antes mesmo que alguém pudesse completar a travessia. Ainda assim, a ideia é atraente para alguns cientistas teóricos. “Se os ETs criaram uma rede de buracos de minhoca, ela pode ser detectada por microlentes gravitacionais”.
Felizmente, este método de detecção não é tão exótico: os astrônomos já fazem observações por meio de microlentes gravitacionais há algum tempo. As lentes nada mais são do que uma distorção no espaço-tempo causada por um objeto massivo. Com a distorção, a luz de objetos ao fundo é ampliada.
Para exemplificar o método, digamos que um buraco negro esteja entre a Terra e uma galáxia alvo de um telescópio. O buraco negro seria tão massivo que causaria uma distorção no espaço ao seu redor. Assim, mesmo que a galáxia alvo esteja há bilhões de anos-luz de distância e seja muito fraca, sua luz será ampliada pela lente e poderá ser detectada.
Com os buracos de minhoca, algo semelhante poderia acontecer. Se um telescópio detectar uma luz que parece distorcida por uma lente gravitacional, mas a distorção for diferente daquela causada por um buraco negro ou outro objeto conhecido, talvez seja um buraco de minhoca. Mesmo invisível, podemos, em tese, detectá-lo.
Outras ideias de Abe são menos controversas. Uma delas é que poderíamos detectar o laser de um veleiro espacial, semelhante às do projeto Breakthrough Starshot. Os projetos mais recentes dos cientistas terrestres incluem um laser para impulsionar as velas solares, então alienígenas podem ter tido a mesma ideia.
Produtos químicos poluentes também podem ser uma pista para encontrarmos os ETs. Se a nossa civilização injeta grandes quantidades de produtos na nossa atmosfera, os alienígenas podem fazer o mesmo. Esses produtos químicos são potencialmente detectáveis e inequivocamente de origem inteligente.
Fonte: Science Focus; via: Futurism