O reitor da PUC Minas e bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, e a reitora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), professora Sandra Regina Goulart Almeida, assinaram, nessa terça-feira, 17 de maio, manifesto conjunto em defesa da Serra do Curral, em Belo Horizonte, em função da proposta de mineração naquela área, onde pretende-se instalar o Complexo Minerário Serra do Taquaril, como anunciado pela imprensa.
Como destaca o texto, “o avanço de tal projeto significará, certamente, grave ameaça para esta paisagem natural e cultural, com impactos não apenas ao meio ambiente, mas para a saúde, a qualidade de vida e demais dimensões da vida das comunidades em seu entorno”.
Leia abaixo, na íntegra, o manifesto.
A urgente defesa da Serra do Curral
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) manifestam publicamente sua profunda preocupação com os riscos colocados para a Serra do Curral, em função da proposta de mineração naquela área ambiental, onde pretende-se instalar o Complexo Minerário Serra do Taquaril, como divulgado amplamente pela imprensa. O avanço de tal projeto significará, certamente, grave ameaça para esta paisagem natural e cultural, com impactos não apenas ao meio ambiente, mas para a saúde, a qualidade de vida e demais dimensões da vida das comunidades em seu entorno.
Patrimônio ambiental, histórico e cultural da Capital Mineira e de sua Região Metropolitana, a nossa Serra do Curral é um Corredor Ecológico nato, ainda íntegro, mesmo existindo tanta pressão das cidades e de atividades como a própria mineração. Ali estão abrigadas espécies endêmicas, ameaçadas. A Serra possui, ainda, papel de reguladora climática e provedora de água em quantidade e com qualidade.
Entre outros efeitos danosos possíveis, segundo ambientalistas, pesquisadores e gestores públicos, estão os riscos à segurança hídrica de Belo Horizonte, considerando que o empreendimento interfere na Adutora do Taquaril, responsável pelo transporte de 70% da água tratada consumida pela população da Capital; risco à população belo-horizontina pela queda da qualidade do ar, tendo em vista que a poeira da exploração minerária poderá invadir a capital do Estado; ameaça geológica de erosão do Pico Belo Horizonte, bem tombado nas esferas municipal e federal e, em especial, risco ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, com perigo real ao Parque das Mangabeiras, e outras áreas protegidas, integrantes da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, cujo limite se encontra cerca de 500 metros da denominada Cava Norte.
As Universidades signatárias desta nota pública fazem coro às manifestações dos diversos segmentos sociais ligados à preservação e conservação do meio ambiente que defendem que o processo de autorização para que ali se proceda a exploração minerária não pode prescindir de amplo debate público para que qualquer deliberação contemple os anseios de toda a sociedade. Há de se considerar, sobretudo, o projeto de tombamento da Serra do Curral, em discussão no nível estadual junto ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), sendo que já existem para ela tombamentos em nível municipal e federal.
Na efetiva expectativa de que as autoridades do campo político e judiciário se sensibilizem com o clamor de quem, verdadeiramente, defende a vida, ao defender o patrimônio ambiental, que é de toda a sociedade, a PUC Minas e UFMG conclamam todos a manterem e fazerem avançar a mobilização contra este novo e qualquer outro ataque à Serra do Curral, entendendo que a agressão exploratória e destruidora contra esse grande patrimônio natural da identidade mineira pode trazer consequências para toda forma de vida na região e seu entorno.
Belo Horizonte, 17 de maio de 2022.