Especialista explica alta no índice e conta se números são preocupantes
A taxa de transmissão da covid-19, o chamado índice RT, voltou a aumentar em Belo Horizonte. De acordo com o Boletim Epidemiológico divulgado pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) na terça-feira (28), a taxa subiu de 1,10 para 1,13, e está em ascensão no nível de alerta amarelo.
O RT mede o avanço da pandemia. No índice atual, cada grupo de 100 infectados tem repassado a doença para 113 pessoas. O ideal, segundo especialistas, é que a taxa fique sempre abaixo de 1.
A capital não registrava um patamar como este desde o final de março, pico da pandemia, quando o índice registrado foi de 1,11 no dia 29 daquele mês. Em apenas quatro dias o boletim variou 0,10, na última sexta-feira (24), por exemplo, o índice apontava a taxa em 1,03.
O mais recente levantamento da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) ainda revela que houve aumento na ocupação dos leitos e enfermarias. A lotação que ontem era de 55,4%, agora está em 62,4%. Assim como a taxa de transmissão, o índice está no nível amarelo, de alerta.
A taxa de ocupação de leitos de UTI destinados à covid também subiu nesta terça, passando de 47,5% para 48,3%, conforme os dados da PBH. A taxa é a única que está no nível verde em Belo Horizonte.
Até o momento, a capital registra 294.812 casos confirmados da doença, com 662 em acompanhamento. O número de pacientes recuperados chega a 287.066 e as mortes estão em 7.084.
O boletim aponta ainda que 99,7% dos belo-horizontinos acima de 12 anos já receberam uma dose da vacina contra Covid-19 ou a dose única (Janssen). Quando se trata da segunda dose (incluindo também a da Janssen), o percentual de imunizados em BH está em 86,4%.
Especialista explica alta no índice de transmissão da covid
De acordo com o Comitê de Enfrentamento a Covid em Belo Horizonte a alta no RT pode ser causada devido a uma mudança na forma de analisar a taxa de transmissão nesta fase atual da pandemia.
Na prática outros dados importantes como, por exemplo, a porcentagem de pessoas vacinadas, são determinantes para a avaliação da matriz que mede a situação. Atualmente esse novo número não pode ficar abaixo de 85, hoje ele está 93.
O Médico Infectologista Carlos Starling, Membro Comitê Prefeitura da capital, explica que a alta do RT é causada pelo aumento das internações em leitos de enfermaria.
“Bom, a alteração e o aumento do RT, ele está relacionado nesse momento a um aumento das internações, esse RT ele é calculado a partir das internações que são feitas em Belo Horizonte. Então como nós vimos um aumento das internações em enfermaria se reflete-se no RT. Entretanto, esses indicadores, os termômetros, eles foram muito úteis no princípio da pandemia, mas hoje nós já desenvolvemos uma métrica muito mais sensível e muito mais fidedigna pra medir a velocidade e a dimensão do problema em Belo Horizonte que é a matriz de risco, que contempla a incidência, contempla a tendência nas últimas dez semanas, contempla a mortalidade, a tendência dessa mortalidade, a letalidade e também o percentual de pessoas vacinadas na cidade. Então esse conjunto nos dá a possibilidade de ver a pandemia de uma forma muito mais sensível”, afirmou.
Urbano conta que apesar do aumento no RT, os medidores estão dentro da normalidade devido a presença da variante ômicron – mais transmissível. “Hoje nós temos um padrão de normalidade na ordem de 93%. Foi matriz, foi a taxa de normalidade da quarta-feira passada. Amanhã nós teremos outra. Mas esse indicador estando acima de 85% ele nos dá uma tranquilidade relativa. Porque nós estamos diante de uma variante mais transmissível que está a cada dia tomando mais espaço e no nosso meio, no mundo isso já é uma realidade e deve ser também para nós nas próximas semanas. Então nós temos que está muito atento sim, mas no momento nós temos uma certa tranquilidade em relação a esses indicadores”, detalhou.
O infectologista afirma ainda que a vacinação pode influenciar positivamente nessa análise de dados, no entanto, ele reforça a necessidade de manter as medidas de segurança para controle da pandemia.
“Nós estamos num momento muito delicado da pandemia. Nós temos uma população com um nível de vacinação muito alto, graças a essa cultura preciosa de vacinação que nós temos, mas nós temos também uma mobilidade social muito grande, uma tendência a aglomerações nesse final do ano e uma variante altamente transmissível chegando. Então nós não podemos relaxar com as medidas de distanciamento, os cuidados, o uso de máscaras, evitar aglomerações, isso tudo é absolutamente fundamental para que nós possamos ter um 2022 com tranquilidade. As perspectivas são boas, mas ainda assim a situação ela merece toda atenção e cuidado”, contou.
Fonte: Rádio Itatiaia