Tecnologia deve ser a principal aliada dos produtores que buscam a sustentabilidade
Durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP-26) o Brasil assinou um compromisso de redução de 30% das emissões de metano até 2030. O metano é um dos gases poluentes mais presentes na atmosfera, e é 80 vezes mais potente para o aquecimento global do que o dióxido de carbono (CO2), apesar de ter uma vida mais curta.
Pecuária e emissão de metano
No Brasil, 65% das emissões de metano são causadas pela pecuária. O gás é formado no processo de fermentação entérica dos bois e é eliminado para a atmosfera. Não são só os animais que produzem o gás metano, este também ocorre em aterros sanitários e lixões, em vazamentos nas estruturas de petróleo e gás natural, e na queima de combustíveis fósseis.
Mas, enquanto vazamentos em dutos de gás e o manuseio de lixo podem ser mais facilmente melhorados, como reduzir as emissões de metano dos bois? A resposta para o setor agropecuário pode vir da tecnologia.
A Embrapa apresentou na COP-26 algumas possíveis soluções para a redução do metano, uma delas é o melhoramento genético das pastagens, que podem se tornar mais digeríveis para os rebanhos. Outra opção é o melhoramento genético dos próprios animais, que podem se desenvolver mais rápido, assim o abate pode acontecer aos 36 meses em vez dos 48, diminuindo o tempo de emissão de gases de cada animal.
Além disso, foram debatidos o uso de aditivos alimentares, com produtos como o tanino e óleos essenciais extraídos do capim-limão, que podem ajudar a reduzir a emissão de metano em 30% a 90%. Uma última estratégia, que já é utilizada de forma incipiente, é aumentar a integração floresta, lavoura e pecuária (ILPF), dessa forma os gases emitidos poderiam ser sequestrados pelas lavouras e florestas, e convertidos em biomassa.
Chegada do 5G e ampliação do 4G podem ajudar a popularizar conhecimentos
A produtividade da pecuária brasileira é uma das menos eficientes do mundo, com a média de 4,3 arrobas por hectare por ano. Apesar disso, alguns grupos já conseguem igualar as médias das dos países mais eficientes, produzindo 20 arrobas por hectare ao ano.
A receita não é segredo, mas é difícil de ser implementada: adubação e manejo correto de pastagens, suplementação animal e bem-estar do animal. Segundo o pecuarista e vice-presidente do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS), Caio Penido, falta acesso à informação e disseminação dessas tecnologias. O secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, também sublinha a falta de investimentos para a implementação das técnicas que podem reduzir o metano: é preciso que o conhecimento saia dos conglomerados e cheguem ao pequeno e médio produtor.
A chegada da 5G pode ser uma revolução nesse sentido. Atualmente apenas 11% da área rural brasileira é coberta pela rede 4G, e o leilão da rede 5G deve mudar o panorama, pois exige que as empresas ganhadoras aumentem a oferta do 4G para todo o País. Além disso, existe a possibilidade de produtores rurais serem beneficiados com redes particulares.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estima que melhores conexões com a internet podem aumentar em 25% a conectividade das propriedades rurais, gerando um aumento de 6% da produção agropecuária brasileira. Além do maior acesso à informação, as conexões devem melhorar a operação remota de equipamentos como drones, tratores e colheitadeiras e aumentar a segurança, impedindo roubos, detectando incêndios e outras ocorrências.
Fonte: GOV.BR, Summit Agro Estadão, UNEP.