“Nunca houve uma discussão tão ampla sobre o transporte coletivo da cidade”.
A afirmativa é do presidente da Cooperativa de Transporte Alternativo (Cooperseltta), Geraldo Itamar, na conclusão de Audiência Pública sobre o sistema que aconteceu na Câmara. O evento reuniu, nessa segunda-feira (18), além de vereadores, o secretário adjunto de trânsito, Wagner Oliveira, o gerente da concessionária Turi e usuários do serviço. O vereador Ivson Gomes (Cidadania) foi quem requereu o presidiu a sessão.
Os participantes estão empenhados em encontrar solução para reverter o recente reajuste na tarifa do transporte de Sete Lagoas. Os operadores garantem que os R$ 0,70 que foram acrescidos à tarifa não suficientes para que o sistema seja superavitário. Os sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis foram apontados como um dos vilões para que a concessionária ameaçasse parar o serviço em linhas rurais.
Mas para o presidente da Cooperseltta o problema é mais complexo. Ao longo dos últimos anos o transporte público vem perdendo passageiros pagantes para os serviços de transporte por aplicativo. A estimativa é de que em Sete Lagoas aproximadamente nove mil veículos e motoristas estejam cadastrados em aplicativos de transporte.
Há, ainda, de acordo com o presidente da Cooperseltta, mais um agravante que são motoristas de carro que fazem o transporte irregular de passageiros. “Eles cobram o preço da tarifa com o aplicativo desligado e colocam quatro passageiros, por exemplo, para levar do centro ao Cidade de Deus. É de difícil fiscalização”, lamenta.
As leis federais e municipais que garantem gratuidade a várias categorias também foram citadas como fator dificultador para que a conta das empresas feche no fim do mês. Geraldo garante que o “ transporte não consegue absorver a gratuidade” com o número atual de usuários pagantes. “Há alguns anos os pagantes conseguiam absorver a gratuidade, hoje não dá mais”, reforça.
O gerente da empresa concessionária, Turi, Danilo Walker, reflete que todos buscam o valor de uma “tarifa justa para a população e que o sistema consigo se sustentar”. Mas a escalada nos gastos com os insumos faz com que a operação fique insustentável. “A gente gasta 90 mil litros de óleo diesel por semana”, revela. O combustível, só no último ano, sofreu 13 elevações de preço.
Do lado do Executivo o secretário adjunto de trânsito, Wagner Oliveira, pontuou que o preço ideal da tarifa para custear o sistema deveria ser de R$ 6,30. “Mas não podemos sair aumentando. Temos que levar em consideração os aumentos dos insumos e a população. Vamos tentar chegar em um consenso. Mas tem cidades menores que possuem tarifas maiores”, contrapôs.
Diante de todas as informações que foram colocadas, os vereadores, inicialmente, entendem como viável o Executivo subsidiar parte da operação para que o custo não caia somente para o usuário. “Nesse momento a população não pode pagar”, afirma Junior Sousa. Para Heloísa Frois (Cidadania), “é preciso buscar exemplos de cidades que já resolveram esse problema, como Curvelo já resolveu”.
Ponderado, Ismael Soares (PSD) avalia que “temos que dar condições para que a empresa possa cumprir o contrato que vai até 2031”. Uma possibilidade apresentada pela Turi foi diminuir o quadro de pessoal o que foi rechaçado por Gilson Liboreiro (SD). “A gente não pode aceitar tirar os cobradores dos ônibus”.
Os vereadores Eraldo da Saúde (Patri), Caio Valace (Podemos), Marli de Luquinha (MDB), Rodrigo Braga (PV), Carol Canabrava (Avante) e Janderson Avelar (MDB) acrescentaram aos debates e sugeriram encaminhamentos. Alguns deles são: Estudo de viabilidade para isenção ou redução da tarifa do ISS para prestadores de serviço no transporte, estudo técnico para certificar se os termos de contrato estão sendo cumpridos e parecer do município sobre a possibilidade de um subsídio para a tarifa.