O data da Abolição da Escravatura será celebrada em Sete Lagoas com um evento carregado de simbolismo.
A abolição da escravatura ocorreu em 13 de maio de 1888 e foi resultado de intensa mobilização pelo decreto da Lei Áurea, que pôs fim à escravidão no Brasil. Pensando nisso, a Prefeitura de Sete Lagoas – por meio da Secretaria Municipal de Educação, Esportes e Cultura (Smeec) – promove o Aulão de Capoeira de Escolas de Tempo Integral e Integração, marcando essa data de muita relevância. O Aulão de Capoeira será nesta sexta-feira, 13 de maio, de 08h às 10h, na Praça Dom Carmelo Mota (Praça da Feirinha do Centro).
“Alunos de oito escolas municipais vão se reunir na Praça da Feirinha, ao lado da Lagoa Paulino, para o Aulão de Celebração e Integração Social. A ideia é fomentar e enriquecer a nossa cultura popular afrobrasileira. Esperamos um público de mais de 300 pessoas. Nosso agradecimento à secretária Roselene, que foi coordenadora do Tempo Integral por mais de dez anos e está apoiando nosso evento mais uma vez”, comenta Mestre Marinheiro (MAREART Capoeira), um dos organizadores do aulão. Juntamente com Marinheiro, estão na organização diversos capoeiristas da região como os mestres Paulinho Godoy, Hostinho, professores Gato Preto, Maraísa, Graduado Marujo e os monitores Gaguinho e Ana. Não é preciso inscrição prévia e, para participar, basta comparecer.
Contexto histórico
A abolição do trabalho escravo foi um assunto debatido em nosso país ao longo de todo o século XIX. Esse assunto já era discutido por algumas personalidades nos primeiros anos de nossa independência, como José Bonifácio, e se arrastou ao longo de todo o período monárquico. Mas o primeiro assunto que tomou real importância no cenário político de nosso país foi a proibição do tráfico negreiro.
O tráfico existia no Brasil desde meados do século XVI, porém, no século XIX, os ingleses começaram a pressionar, primeiramente, Portugal e, em seguida, o Brasil para que o tráfico negreiro fosse proibido aqui. A pressão inglesa fez o Brasil assumir compromissos com essa proibição na década de 1820. Esse compromisso resultou na Lei Feijó, de 1831, mas, mesmo assim, o tráfico negreiro continuou, desembarcando milhares de africanos todos os anos no Brasil. Em 1845, a Inglaterra, enfurecida com a postura permissiva do Brasil com o tráfico, decretou o Bill Aberdeen, lei que permitia às embarcações britânicas invadirem nossas águas territoriais para apreender os navios negreiros.
O risco de uma guerra entre Brasil e Inglaterra por conta do Bill Aberdeen fez com que fosse aprovada uma lei, em 1850, conhecida como Lei Eusébio de Queirós. A lei decretava a proibição definitiva sobre o tráfico negreiro no Brasil, mas permitia que os africanos que chegaram após a lei de 1831 continuassem como escravos. Com essa lei, a repressão ao tráfico negreiro foi efetiva e, de 1851 até 1856, “somente” 6900 africanos chegaram ao Brasil. Com a proibição do tráfico, foi iniciado um processo de transição, pois, uma vez que a fonte que renovava os números de escravos no Brasil tinha acabado, era natural que com o tempo a escravidão no país fosse abolida, já que não havia a renovação natural da população de escravos no país. A intenção dos escravocratas era tornar essa transição a mais longa possível.
Na década de 1860, a pressão sobre o Império pelo fim da escravidão era enorme, já que a Rússia havia acabado com a servidão em seu território e os Estados Unidos havia abolido a escravidão depois da Guerra Civil. Isso tornava o Brasil, Porto Rico e Cuba os últimos locais escravocratas do continente americano. Nesse contexto, o movimento abolicionista começou a se estruturar, mas, politicamente, a pauta não avançava por conta da Guerra do Paraguai. Com o fim do conflito, em 1870, os movimentos abolicionistas ganharam força e o debate pelo fim da escravidão, além de tornar-se pauta importante na política, também tornou-se um debate relevante na sociedade brasileira.